sábado, 19 de maio de 2012
Chegamos da visita de Arnaldo.
Thales e eu voltamos em silêncio.
Não pudemos externar os sentimentos doloridos.
Um homem no leito desfigurado por quimioterapias.
Éramos todos no balão de oxigênio.
E no seu primeiro olhar deixou claro.
- Quero sair dessa.
Nos abraçamos e tocamos as testas.
E em meu olhar dei a resposta positiva.
- Vim te ver pois você me chamou sexta-feira.
Ele sorriu atrás da mascara de plástico.
Em confirmou com a cabeça.
- Vim dizer para você sair do vácuo.
Deletar umas tantas coisas aqui e ali.
E reformatar o seu winchester.
Ele olhou fundo assustado, mas aceitou.
- Vamos aliviar o sofrimento .
Também daqueles outros irmãos que estão morrendo.
Vamos aceitar o presente de viver nossas vidas.
Numa outra melodia.
A que só você pode ouvir no seu silêncio.
Ficamos de mãos dadas.
Enquanto passava por uma sessão de laser.
Nas feridinhas da boca.
Então tocou o alarme no meu celular.
Programado para apanhar as filhas.
Ele me olhou e sorriu.
Sabia que eu teria de partir.
E eu, ele.
Me pediu para ler para seus irmãos.
O capitulo 13 de São João.
Estava cansado.
E me acompanhou com os olhos até a porta.
E ao sair Thales apertou minha mão.
Como quem entendeu o que passou.
Ficamos tristes.
Porém algo nos consolou.
A força da vida.
Éramos nós que saímos acumulados para a vida.
Enquanto esperamos o amigo.
Coube a nós fazer a lição.
Não deixá-la para ninguém.
A vida é mais.
É alem do que entendemos.
É ponte com um novo entendimento.
É passagem entre o que sabemos.
Com o que há de vir.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário