sábado, 19 de maio de 2012

Ouvindo as Montanhas
Alma de Mestre
Lições de Aviação
A viagem dos Sonhos
O Último Segundo
Escrever e Amar
Abrindo as Velas
Música do Universo

Mergulho na Alma

Jardim das Empresas
A Era do significado A ültima Aula de Dante alighieri

Livros editados

Ouvindo as Montanhas
Alma de Mestre
Lições de Aviação
A viagem dos Sonhos
O Último Segundo
Escrever e Amar
Abrindo as Velas
Música do Universo
Mergulho na Alma
Jardim das Empresas
A noite chegou com a promessa de um novo dia. Em que as tristezas fossem compreendidas. E as diferenças seriam conhecidas e equiparadas. Onde as conquistas seriam divulgadas e divididas. E as riquezas multiplicadas ao serem divididas. A noite chegou e me manteve acordado. Não pude dormir pois em meu coração. Já está presente a aurora.
Acolho em mim o que ainda precisa nascer. O entendimento que apenas pode ser ante visto. O significado daquilo . Que repousa apenas em potência. Acolho o que não entendo. O que não possuo, o que me intriga. Restituo a confiança. Que a cada dia me aproximo mais da fonte.
Acordo na distante pátria. O ruído uniforme dos carros. Remete a uma auto estrada. Um fluxo ininterrupto. Me faz puxar continuo. Fio de um carretel. Puxo as emoções. Mais afloradas. Mais fáceis de encontrar. Nelas sinto dor apego tristeza. Puxando mais um pouco. Sinto que as coisas estão melhores assim. Um equilíbrio delicado. Puxo mais e saio da zona. De dor e prazer. A pele não é tão importante. A sensação de habitar o corpo. Estar preso nele ele. Uma vida que não precisa de corpo. Que desenvolve tarefas complexas. Dentro de mim algo me puxa . A vida sofre por estar presa. À repetição de hábitos. A sensação de apego. Sapatos de chumbo. Como caminhar com eles ? Que nascemos pelo corpo. Não para o corpo. Puchado de novo. Adentro uma área. Onde encontro outros. São pensamentos. Sentimentos e vidas de outros. Deste e de outros tempo. Onde silenciosamente. Interferem em sensações. Um jardim dentro de mim. Um olhar diz muito. Quase tudo. Não encontro mais matéria. Não me confundo. Com meu corpo. Exerço a vontade. Em me fazer luz.
Adoro meu trabalho. Acertei em cheio. Coloco nele todo meu ser. Não podia acontecer algo tão certo. Nesse momento da vida. Reflete em tudo que faço. De tudo toma proveito. Tem o que a vida mostra. Me sinto mais vivo. Mais presente mais reflexivo. Me sinto menos tímido. Menos confuso. Mais pronto . Mais aberto . Até abri a porta do hotel. E fui solenemente roubado.

Espaço

Sou o espaço que abro. Quando libero o que está em mim. Meu projeto quero compreender . Quero fazer cada dia com a minha cara. Assim dispenso medidas compensatórias. Que antes me permitia. Uma dose a mais. Um carro a mais. Aprendo que saber quem sou. Tem mais a haver com menos. Menos desgaste. Menos desperdício. Assim o hoje. Se torna pequenino. E pode apontar algo verdadeiro. Posso então gastar o tempo. Validar o grão de areia. Que passa no estreito. De minha ampulheta.
Toda mudança que fiz na vida. Tiveram algo em comum. Não sei começar. Sem primeiro bagunçar. O que ficou para trás. Começo por desmontar. O que dará espaço. Mexo e remexo. Até atingir o caos primordial. Onde só existem partículas. Então quando toco o nada. O nada em si mesmo. Começa a se compor. É mais difícil arrumar a bagunça. Que fiz em mim. Retirar o projeto de vida que não era meu. Mas habitou todo esse tempo em mim. Me atenho ao meu projeto. O que apenas eu posso fazer nessa vida. O intransferíveis é que é meu.
Anseio pelo vazio. Pelo que há por de trás do visível. O inaudível aos meus ouvidos. Anseio pelo indiscortinado. Que esta além do novo. Na capacidade de estar todo atento. Anseio sem ansiedade, sem pressa. Como um deserto pela água. Como um salmo pelo crente. Como um raio de luz.
Escrevo vertendo. Como desaguando um imenso rio. Na hora que escrevo. Sinto um vazio. É o movimento das águas. Espero que quem lê. Sinta o mesmo em ondas. Somos rios afluentes. Confluentes. Que desembocam no mesmo lugar. Rios que invadem planícies. Que se esparramam. Sem economizar espaços. Rios que vão abrindo. O movimento da vida. No que ela tem de mais sagrado. Guardado no coração humano.
Ate aqui fiz poesia fácil. A dor e o sangue coagulado na veia pulsante. Fiz a ponte, coloquei em palavras. Transpus o lado. Quando chegou hoje. Não percebi o que tinha mudado. O olhar virado. Não mais fitava para traz. Olho o vazio, o que não entendo. Me sinto diante de um abismo. Somente prosseguirei se souber voar. Vejo de onde vim. Mas não para onde vou. Então fecho os olhos. Me ponho em posição de vôo. Sinto o vento . O senso das verdades. O magnetismo do norte. O que me trouxe aqui pode me levar.
Auto retrato Não imaginava que gostava tanto de ter tempo sobrando. Nem imaginava que gostava de ficar comigo. Acho gostoso quando chego em casa. E não tem nada esperando. E encontro as coisas onde as deixei. Mesmo as bagunças, A porta do armário não se fecha há meses. A pasta sem tampa petrificou. Também não sabia que gostava tanto de escrever. Ficar horas a frente do computador. Nem que meus dedos acertam as letras sozinhos. Não sabia que para escrever há uma posição apropriada. Espichado. A tela inclinada para não jogar muita luz. O olhar vago e queixo enfiado no pescoço. Respiração lenta. Um vazio na frente. E de repente vem a palavra. Como chuva as vezes pinguinhos outras enxurrada. Assim com a coluna apoiada. Reparo todos os ruídos. Implico com os estridentes e desnecessários. Faço um certo biquinho. Me assusto quando bate o sino. Conto o horário de traz para frente. Será que escrever tem importância ? Parece auto retrato. Só grandes pintores se permitem ? Pequenos pintores também arriscam. Escritores também. Escrevo meu auto retrato. Meu auto texto. Na iminência de levantar e de arrumar tudo. Algo que transpareça . E me ligue a quem leia. Como um espelho. Então escrever é como pintar um auto retrato. Só que do leitor.
Cada manha acordo mais novo. Retrocedo o tempo descomplico. Vejo cicatrizar a fenda da escuridão. Me resumo em luz. Me sinto mais vivo. Pronto para brincar. Curioso de onde tudo isso vai dar. Acordo menos. Penso menos. Sou mais.

Kaligrafia

Caligrafia. Kalós grafos. Grafar o kalós. Grafar o belo. Escrever o belo. Assim traduzo. O que em grego. Não era letra bonita. E foi cooptado. Pela primeira professora. Como se pela beleza da forma. Estivesse o caminho do belo conteúdo. Vivi o mais azedo. O mais acido. Cáustico. A solidão. A sombra do abandono. A dor. E despertou em mim. Uma tremenda vontade. De escrever o belo. Na verdade transcrevê-lo. Mudá-lo para o papel. Sem subtraí-lo. Ver na fragilidade dos fatos. Sua delicadeza. Sua singeleza. Aquela oportunidade única. De encontrar o belo. E então grafar. No meu caderno. De kaligrafia.

Canção da vida.

Eu a convidei para a canção da vida. Aquela que se ouve no silêncio das manhãs. Aquela que ritima o chorar dos bebes. Que se escuta no sono das crianças. Eu a convidei cantarolando. E ela respondeu seu refrão. Eu a convidei pois não queria ser solo. Outras vozes se juntaram. E a canção ninou meu menino. Acordei na madrugada. Não vi mais ninguém nem mais nada. Mas não perdi a capacidade de ouvir. lá , lá, rai iá.
Não conhecia esta casa. Não com essa luz . Aqui onde vivi e tombei. Aqui conheci o reverso de mim mesmo. Hoje repaginada recebe em si. A casa de meus pais. Sofás mesas detalhes. Que eles escolheram estão aqui. O outro lado do tapete. Ainda intocado inaugura o instante. Posso tocar a alma da família. A que revisto hoje. Ao mesmo tempo por ela sou revestido. O corpo cansado pelos dias de mudanças. Começo nova vida. Nessa nova casa. Na bênção de meus pais. Toco a alma de minha família. Que esta ligada a todos. Expando seus os limites. Abrindo as janelas para um novo mundo. Nele aponta o que é bom para todos.
Tudo faz sentido. Quando agente faz sentido. Trabalho meu trabalho dedicado. O qual faço com paixão e desapego. Me sinto um cego atravessando ruas. Me arrisco confiando apenas no que sinto. Dentro de mim queima a paixão. Por toda a vida.
Chegamos da visita de Arnaldo. Thales e eu voltamos em silêncio. Não pudemos externar os sentimentos doloridos. Um homem no leito desfigurado por quimioterapias. Éramos todos no balão de oxigênio. E no seu primeiro olhar deixou claro. - Quero sair dessa. Nos abraçamos e tocamos as testas. E em meu olhar dei a resposta positiva. - Vim te ver pois você me chamou sexta-feira. Ele sorriu atrás da mascara de plástico. Em confirmou com a cabeça. - Vim dizer para você sair do vácuo. Deletar umas tantas coisas aqui e ali. E reformatar o seu winchester. Ele olhou fundo assustado, mas aceitou. - Vamos aliviar o sofrimento . Também daqueles outros irmãos que estão morrendo. Vamos aceitar o presente de viver nossas vidas. Numa outra melodia. A que só você pode ouvir no seu silêncio. Ficamos de mãos dadas. Enquanto passava por uma sessão de laser. Nas feridinhas da boca. Então tocou o alarme no meu celular. Programado para apanhar as filhas. Ele me olhou e sorriu. Sabia que eu teria de partir. E eu, ele. Me pediu para ler para seus irmãos. O capitulo 13 de São João. Estava cansado. E me acompanhou com os olhos até a porta. E ao sair Thales apertou minha mão. Como quem entendeu o que passou. Ficamos tristes. Porém algo nos consolou. A força da vida. Éramos nós que saímos acumulados para a vida. Enquanto esperamos o amigo. Coube a nós fazer a lição. Não deixá-la para ninguém. A vida é mais. É alem do que entendemos. É ponte com um novo entendimento. É passagem entre o que sabemos. Com o que há de vir.
Quando coloco esta caneta sobre o peito. Reafirmo nosso acordo. De ser espelho do ser nessa terra. Minha vida se esvazia. Ao tempo que o ser se enche. Do imenso amor que imunda. Fecho os livros, viro as páginas. Do quanto vivemos apostando tão pouco. Quando clipo a caneta. Reafirmo minha aposta na imensa vida. Na qual me lanço sem reservas e condições. Uno-me ao time dos construtores da paz. Lanço-me na tarefa de traduzir o silêncio. De ver através do escuro e refletir a luz. Que a todos ilumina pelo íntimo. E quanto a esse processador de texto. Adoro tocar suas teclas. Para mim é música silenciosa.
Começo por palavras que levem sentimento. Começo por sentimentos que levem verdades. Começo por verdades que levem ao eterno. Começo pelo eterno. Então não preciso começar.
Adoro começar seguir um novo passo. A oportunidade de mergulhar. No mar do tempo. E na total descrença. Dos sistemas construtivos. Me sentir inútil. Porém é nessa verdade. Que há a possibilidade. De trazer luz.
Sinto a vida como um navio de ferro. Que atravessa mares, terras, idiomas. Como um cortiço de quarteirão. Damas e dramas, domínios e reinados. Como uma densa mata cheirosa e cigarrenta. Como o riso de menina pergunta e desenho. Carinho.
Como amo. O que ama. Desde o início. O que deixa. Suas marcas. Em cada coisa. As encontro. Quando não vejo. As minhas. Respondo. Com amor humano.
Como e difícil quando se esta chegando na síntese. Cada tropeço leva invariavelmente a um grande tombo. Rebater o amor com a dor sem revidar. Não deixar o sombreamento derramar breu sobre a alma. Manter a calma e estender a mão mesmo doendo. Assim vou indo. Supero vazios me faço cheio. Evito desespero por que sei que derruba. A paciência premia o entendimento. Mantendo-me na sensibilidade. De quem conhece o sofrimento.
Como um amanhecer. Como a flor se abrindo. Como o pássaro em vôo. Nada passa . Senão por mim.
Conheci mais um espaço que não conhecia. Quando cheguei em casa e não encontrei ninguém. Chegueis mil anos depois. Um milhão de milhas percorridas. Milhares de horas de conversas não havidas. Vim fechar as portas desta casa tão bonita. Entrei e não encontrei nem a mim. Senti a dureza do escuro. O gelado da solidão. Incrível haver tantos andares. No subterrâneo do ser. Ainda sem mapas. Encontrei apenas saídas de emergência. Na noite dirigindo pela 192. Desejei que fosse o fim. Um segundo depois mudei . Balancei, não cedi. Passou . Quando conversei com estranhos. Voltei. E pude fechar as portas. E começar de novo.
As condições da Terra. Gravidade 9,8 metros por segundo. As temperaturas se mostraram eficientes. Para desencadeiar o precesso da química. De uma forma menos complexa. Para uma outra mais complexa. Mais adaptada. Arranjos e rearranjos. Nessa pressão e química. Levou a ignição da primeira célula. Pois e vida . Estava no imprint. Da molécula estava escrito. Bastava apenas as condições de realização. O meio de cultura. Onde as forcas interiores se manifestaram. E entender esta fase é entender o formato de todas as outras. Existe um imprint que espera as condições de um meio de cultura. O imprint da célula estava escrito na molécula. O do tecido na célula. E assim por diante. Qual o imprint está escrito. No coração humano ? Quero ser parte de deus. Para não morrer. Para não sofrer. Não não entediar Quero beber a água. Que não tenha. Que bebe-la sempre de novo. Quero um prazer. Que não tenha que procurá-lo. Sempre de novo. Quero participar da terefa de criar o universo. Da ignição a um deus. Sem batalhas ou revoluções. Sem destruir tudo que esta aí. Aceito num primeiro momento. O rumo que vem tomando a história. Reconheço o sofrimento. Que sempre acompanhou. Cada ser vivo. Não querer mudar isso. Porem sinto em meu coração. O escrito de outro imprint. Mesmo que não saiba ler. Seus sinais e códigos. Estão num idioma por nos desconhecido. Mas está escrito. Construtor de deus. Em alguma língua. Pedacinho de deus. Filho de deus. Um filho que vai crescer. E ser irmão dele. Vai ser como ele. Vai ser ele. Se puder ler seu coração.
Todos queremos ser como americanos ricos. Como os que vemos em filmes. Enquanto a mãe cuida da casa. E o pai chega do trabalho . Alo doçura !! Todos queremos os bens de consumo. De viagens a computadores. Todoas as facilidade eletrodomésticas. Todos queremos boas escolas. Um teatro por perto. Uma praça. Dinheiro para gastar. E um bom líder. Para permitir isso tudo. Todos queremos privacidade. Para fazer o que quizer. Dentro de nossas casas. Queremos sexo. Queremos o prazer. Quanto mais melhor. Não nos importamos. Se temos que o buscar. Repetidas vezes. Que nos cansamos. E nos enjoamos . Com a repetição. Então inventamos variações. Coberturas de chocolate. Gratinados e sex shops. Mas não o show parar. Então ensinamos aos filhos. Perigosas meia verdades. Que os arrastarão . Para dentro da correnteza. Estragamos o meio ambiente. Na mesma proporção. Que devastamos nosso interior. E surgimos como substrato. De um estrago acumulado. E irreversível. Quando morre alguém. Encomendamos a alma. E o enterramos rapidinho. Evitamos visitas de criancas. Para que não conheçam. Seu enfadonho fim. Para que cresçam na ignorância. Para que estão fadadas. Trocamos estes medos. Por crenças de vidas passadas e futuras. Tudo para evitar a vida presente. Aquela que teríamos. Se nos dedicássemos para entender. Mas teríamos que mergulhar. Sabendo se deixar. Muita coisa para trás. Teríamos que ir contra o mundo. E não temos tanta energia. Então sucumbimos. E pedimos mais uma doze. Do tal tranqüilizante . A coisa pode ser diferente. Já vimos que sozinhos. É impossível de romper a camada. Quem sabe juntos. Quem sabe podemos partir. De outro ponto de partida.
A vida é muito antiga. É imperioso entender seu processo. Sua origem escrita na química. Dentro de cada célula. Não pode ser matéria de estudo isolada. De um entendimento. Que sempre se mostrou incapaz. De ir lá no fundo. Onde é preciso ir. Para desvendar seus segredos. Não conhece a planta de nossos pés. E quem quis abraçar isso tudo . Era uma desajustado . Um crente desequilibrado. Um ateu revoltado. Um louco. Se em grupos faziam seitas. Fundavam religiões. E prometendo salvação. Condenavam a escravidão. Do pensar replicado. Serviência nessa vida. Promessa de paraísos na outra. Assim nos anestesiamos . Ao entendimento funcional. Fomos condenados. A viver a rudeza da economia. A hegemonia material com suas leis. A ver o mundo como um mercado. Fomos divididos. Em paises ricos e pobres. A menos forma de inteligência. Pelos poderosos cooptada.
Fomos contabilizados pertencentes a reinados. Fomos queimados por pensar diferente. Fuzilados por ditadores isso há poucos anos atrás. Nossas leis são uma colcha de retalhos. Feitas para agradar e manter a máquina do poder. A defesa do líder, do partido ou de seu guerreiro. A história é cheia de decisões que feriram a vida. Guerras estúpidas, morte, trabalho forcado. Escravidão, dominação e tributos massivos. E para quem nasce dentro da corrente. Cabe apenas aceitá-la e engorda-la. Esta correnteza é a madrasta invisível. Que nos roubou de nossa mãe natureza. Que tem suas próprias leis que se entendidas. Transformaria essas outras pequenas em pó. E se descortinaria uma vida imensa. Tão diferente do que vemos. Com pé e cabeça.
Ao entender o coração. Se aceita o convite. Para manifestar conteúdo. Direto da fonte da vida. Bem aqui no íntimo. Ao sentirmo-nos ponta dessa flecha. Lançada no principio. Ponto avançado que toca primeiro. O fim. Os passageiros dessa vida. Descobrem-se. Seus condutores. Construir o universo. Eis o chamado. Da humanidade.
Ao enxergar a luz pela luz. O ser emite uma determinante ascendente. Que diz respeito a todos. Cada ato humano pertence a toda humanidade. Cada entendimento contribui para todos. Todos homens e mulheres expandem essa base. Isso se a atitude não está na expansão da mesmice. Presa ao que se espera em continuísmo. Então existe um convite para irmos além. Usar nossas vidas na expansão da vida. Criando condições para manifestar a criação. Reescrever a anterior que está presente. Para avançar o que começou originalmente. Para isso há quer se utilizar o interior humano. Como canteiro de obras Da materialidade, da energia e do significado. Surge uma nova forma de ver a vida. A vida comprometida toda vida com toda a vida.
Temos gasto nossas vidas por milhares de anos. Em religiões, ritos e mantras a toda sorte de divindades. Nos esmeramos em criar essas formas. De se afastar e achar que se está chegando mais perto. De si, do outro, do céu, de quem começou a criar. Não notamos o tanto que já esta escrito em nós. E em qual direção aponta essa consciência. Isso é algo que não pode ser apenas dito, escrito ou lido. Precisa ser sentido ultrapassado o viés dos sentimentos. E para desintoxicá-los é preciso senti-los . Mas ninguém gosta de passar pela dor. A dor dura um milionésimo de segundo. O medo da dor dura uma eternidade. O cérebro é individual mas a mente não. Nela há milhões de ligações . Como se fosse habitada por milhões de seres. Formando a base comum da consciência. Há forças que inspiram como que desesperam. Há a aparente segurança do controle. Mas para superá-la é preciso silenciá-la. E atravessando-a chegar a sua raiz emocioal. O que não cabe em palavras ou idéias. Mas inunda o ser no gesto amoroso. Então ampliamos a base da consciência. Ampliamos a bolha de luz.
Trabalhando a algum tempo uma sensação que me invade. Considero essa vastíssima quantidade de bilhões de anos, nada. Considero a massa de bilhões de galáxias, quase vazio . E nossa vida uma ocorrência anterior a isso no universo. A vida tem um imprit, uma verdade estampada por dentro. E seguindo este fluxo vamos desenrolar a linha da vida. Essa linha que não conhecemos cuja formatação. Nos faz humanos. A vida segue. E busca no seu intimo mais consciência. Sobre si e sobre tudo. Sobre sua origem e fim. Nesta viagem metafísica. Desperta-se novos horizontes no despertar de cada ser. Como se corroborassem na criação de um campo. Uma aura que envolvesse a todos. Um campo humano apontado para algo mais além.
Construir o universo. Eis o chamado da humanidade. Parece ilógico pensar que um homem possa ir tão longe. Esta é a disposição para quem sabe que seu lugar é além. Sabe que seu íntimo pertence ao alto. Não se prende na pequena estória contada. Fica de plantão, em silêncio e atenção. E vê mover em si os meridianos do universo. Sente os mecanismos universais em si. A ao se elevar, o eleva consigo . Tem que abrir mão da moral ensinada. E elevar-se à potencia em amorosidade. Chega ao limite do amor natural e vai mais além. Encontra sua punsão original . Aquilo que o fez vir ao mundo. Aquilo que o mundo o vez vir. E desobrigada a dor que o acompanhou. A dor bloqueadora que o fez tão comum. Ressignificando-a torna-se tão universal. Seu amor não é mais contido, Contém.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Deixei de ser o homem velho. Que carregou em si um moço. Um moço velho que antes era. Um menino velho. Que quase morreu pela idade avançada ao nascer. Tão compromissado com um destino que não sorria. Me mostrando apenas o peso acumulado pelas gerações. Deixei de ser o que primeiro pensava e nunca fazia. Deixei de poupar o que nunca gastaria fui insensato.
No meu mundo. Quanto mais me achava mais me perdia. Tive mais facilidade em achar o que não gostava. Nunca me coloquei em algo que me comportasse. A cada atividade sempre tive as voltas com o sofrimento. Então mergulhei numa nova fronteira na outra margem do rio. Aquela que só se chega pela imersão nas águas. Aquela que encontro quando toco getilmente. O lápis no papel.
No mundo sujeito às leis da matéria. Porém no menos que as leis do espírito. Em tudo busco um bem que seja para todos. Um entendimento que seja maior e mais profundo. Uma unidade em toda expressão de vida. Atento ao ser que mora em mim. Não ceder ao pessimismo. Que cancela a impulsão da vida. Ao medo que anula o vôo do pensamento. Para sempre cantar a canção da vida. Quero em tudo comunicar o que recebi. Manifestar a esperança que há em tudo. Quero refletir a luz recebida. Não guardar nada. Quero contribuir na construção da grande consciência. Base comum de todos os homens. Quero elevar a condição de cada relação. Quero aprender com elas a multiplicidade da união. Quero facilitar o acesso da matéria no espírito. Quero decifrar a mensagem do perfume das flores. Quero decifrar o segredo do formato das nuvens. Quero um amor que prescinda a repetição. Quero um bem que não conheça seu oposto. Quero um dia a dia que implique tudo isso. Quero ser o amigo para os meus filhos. Para os amigos quero ser irmão . Para os irmãos, pai. Não sei nada não. Apenas sinto o sopro da jóia da criação.
Ocupo meu espaço, meu corpo. Sintonizo a vida captando ondas. De dom e cores, escuro e luz, calor. Ocupo o nascimento do que já estava pronto. So faltava um ponto : Minha posição de herdeiro do mundo . Sem fronteiras. Nem separações. Além do medo. Acolá das pátrias. Assumo a condição humana. De ser inteiramente livre neste instante. Mesmo junto de tantos problemas. Me coloco nas correntezas do rio da vida. Deixo se firmar em mim um estado de poesia e arte. De verdades que abraçam seres invisíveis. Bebo da mesma água dos loucos e dos santos. Assumo meu lugar entre eles. E quero me deixar intoxicar. Pela beleza da verdade.
Sentindo as vibrações da vida. Não sei se estou perdendo as batalhas. Sinto-me oco. E nem com algum esforço sinto-me bem. Como um viajante há muitos meses fora de casa. Que esqueceu-se de quem é. Estou sendo rebocado com o motor quebrado. Não consigo chegar.
Paro por aqui, chego ao fim do inaceitável. Fico por aqui, não me consumo em nada aprovável. Não estendo, para dentro de mim em baixa estima. Não negocio nem mais um minuto com isso. Barganhas anteriores somente o avolumaram. E demanda mais do que se pode supor. Rompo e notifico a todos planos. Só me movo pelo ar da liberdade.
Por trinta anos gravitei a figura de meu pai. De tal forma que pensei ser assim. Depois disso continuei o gravitando. E como um planeta cansado me afastei. No esforço inútil de gravitar outro alguém. Me reverti. Como um imã ao pólo oposto. Como um acido a uma base. E hoje caiu a ficha. Não gravito mais ninguém. Não quero substituir nenhuma figura. Não quero criar conforto . Me disponho a me inteirar. Gravitar a imensa vida. E ser quem sou.
Retorno à casa que morei por muitos anos, uma vida. As portas são as mesmas que me deram passagem quando parti. Algo há que não mudou. Enquanto eu não sou mais o mesmo. Os sofás perderam tons. Ganharam rasgos as poltronas. Essa casa é um ar que respirei. Encontro conforto na última gaveta. Da consciência. Um pedaço de mim que por aqui ficou esquecido. A esperança que o adulto saberia ver a criança. Que ainda espera pela chegada dos seus. Mas para isso . Essas portas não se abrem mais.
Pendurei o quadro de meu pai. Bem em frente de onde tombei. Perto do telefone. Na parede ao lado coloquei o de minha mãe. Que pintou durante a minha gravidez. Assim posso recordar. Que vim de um sonho. E caminho para um tombo.
Quando entra uma tela nova. Sinto aquela hesitação. De quem pilota um jato. Naqueles minutos antes da decolagem. Passa a mão sobre os controles. Para sentir o poder da maquina. Assim me sinto deslizando os dedos. Sobre as teclas desse computador. Sinto o poder de uma palavra. Que traga sentido. Abra possibilidades no leitor e em mim. Como janelas para se entrar o ar. Como espelho em que ele possa olhar. E se ver.
Lembro-me de espalhar talco No banco de plástico preto do banheiro E imaginar ver as galáxias Com a ponta do pente de enfofar cabelo de minha mãe Traçava as constelações No rasgo perto da costura A origem do universo
Quando era criança A lua tocava o teto do telhado As estrelas eu alcançava com as pontas dos dedos Amava meus avós que eram todo o passado Amava meus pais que eram mais eu do que eu mesmo Quando fiquei menino rasgava as calcas nos joelhos Minhas horas eram poucas para tanta vontade de brinquedo Quando fiquei mocinho tinha braços curtos para abraçar o mundo Quando jovem tinha pernas pequenas para andar tantos lugares Mas quando virei adulto Descobri em mim um coração capaz de fazer tudo isso Sem nem precisar sair do lugar
Quando puder Quando for possível Quando der Quando chegar a hora Quando acontecer Quando ocorrer Quando não for mais eu Quando não for comigo Então será Mas não será o mesmo Que espero Quebrei a barreira do quando Entrei pelo agora O que é real não demora
David Quanto tenho Que esculpir Em mim
Quero com minha vida alcançar a toda vida Ser uma ponte que sai de antes de mim E chega até depois do outro Estaciono-me ao lado do que não conhece ruído Encosto-me no lado do que não é físico Como quem vai a praia e absorve o azul Vejo as cores Posso ler nelas a origem da vida Posso sentir o formigar dos átomos Definindo o estado da matéria Tudo enquanto teimo Em ouvir o silencio
Escrevo o que mexe comigo Ancorar o veleiro em abrigadas águas E ver o por do sol com o suficiente silêncio Voar na cabine de um jato Ajudar numa sala de emergência Velejar calmamente com os filhos Passear a cavalo em turma Tratar bem as pessoas Deitar junto da mulher amada Escutar o ressonar dos filhos Sonhar o sonho deles Dar presentes Comprar som e filmes Ver o mar azul do sul da Itália Dirigir um carro inglês Dar tintas e pinceis para a criatividade dos filhos Depois água ráz Resolver a equação da vida Simplificá-la Desmistificá-la
Me sei amigo. Consigo fáceis. Coisas impossíveis. Sou criativo. Tenho temperamento musical. No fundo sou artista. Um equilibrista. Altruísta que anseia. Pela paz . Não sou feio. Nem bonito. Tenho olhos azuis. Adoro olhar o céu. Horas o mar. Na janela os campos. Sei pilotar. Sei navegar. Mas adoro mesmo. É voltar.
Reconheço que a vida não era fácil. Que o chuveiro pingava e as rouvas . Se avolumavam na cadeira. Que não tampava a o tubo de pasta. Que me enfiava na tv . Que buscava frisson. Que me ausentava dentro de mim. Que queria ser amado primeiro. Mesmo por quem não conseguia amar. Que fazia poucas perguntas. Confiava mais no que achava. Não era muito pontual. Que tinha dificuldade em pedir ajuda. Gostava mais de ajudar. Criticava com facilidade. Os defeitos dos outros jorravam em meus olhos. Sem paciência. No fundo não conseguia criticar a mim mesmo.
Retomo a poesia sobre concreto. Martelo e talhadeira. Braços doídos pela força e rimar. Minhas roupas mudaram de lugar. Tenho em minha janela uma favela. A visão mais brasileira. Na outra um ipê roxo. Carregado em cor. Exuberante como o morro. Atrás a escola na mesma latitude. Do Santo Thomas. Pelo menos em terra. A luz vai murchando. A brisa contínua do leste. Fico quase imóvel. Enquanto a pluma de minha alma. Vai sendo levada.
Saber ouvir é quase responder. É colocar o outro em contato com o vazio. Deixa que o vazio nas reações do ouvinte. Revele a si próprio.
Paulo e eu saímos da empresa no mesmo dia. 17 de abril de 2007. Nisso continuamos fraternos. Apesar de divergir em tantos pontos de vista. Ele foi a aura da empresa desmistificada e leve. Cheia de energia vital. Tocamos juntos a empresa por quinze anos. Outros dez antes disso. Poupamos um ao outro de chateações. Fomos muito mais do que patrão e gerente. Conseguimos esticar a duração. De uma empresa mergulhada em problemas. Dependente de uma única matéria prima. Viu-se da noite para o dia sem ela. O jeito foi arriscar e construir algo novo. Podemos continuar ser. O melhor de nós mesmos. Mesmo sem ter ao outro para reportar. Faremos nosso trabalho correlato. Ele o dele, eu o meu. No que quer que façamos. Continuaremos a novena.
Tanto tanto tanto. Quero ouvir minha vóz meu canto canto. Soltar meu santo santo. Que se sabe homem.
Para essa palavra que não sei qual. Me faço escritor. Não descritor que fala olhando o passado. Não de ficção que imagina o futuro. Mas o que segue no contra fluxo do medo. No mais instante presente. Mesmo sem palavras. Ser escritor de uma palavra só. A que brota neste exato momento. Na alma de quem lê.
Ser escritor é saber fazer companhia. Para as perguntas sem responde-las . Como velhas amigas mantendo-as novas. Seu trabalho não pode ser medido em páginas. Mas em vidas que se descobrem na mesma direção. Uma única pessoa pode fazer valer tudo. Devolve o destino de avançar a vida. Na direção do significado. Por meio de palavras. Que extrapolam o entendimento. Palavras escorridas . Pois nunca alcançam o logro. De expressá-las em justas medidas. Fazendo com quem lê. Considere a dimensão de si mesmo. Ser escritor é viver da dor. De que se tem servido . A inércia do tempo. Mantém-nos reféns. De nossa consciência. Então se volta atrás. Fica na infinita impotência da palavra. Até o ponto zero.
Ser escritor. É ser desenhador de textos. É ser pintor de palavras. É encontrar tempo para escavar o mundo. Enquanto escava a si mesmo. É traduzir olhares que vão saindo. Mesmo os que não lhe pertencem. Escrever é atravessar séculos . É tocar a face oculta da solidão. É fazer de cada dia uma obra prima. É não se deixar intoxicar por ambições. Manter-se vazio mesmo na gargalhada. Se chorar não se desespera. Sabe que o mundo todo é seu presente. Sabe que sua alma é a alma de todas as almas. Sabe ouvir o lamento com afinidade. Sem se entregar. Assume ser a medida. Pela qual o universo conhece a si próprio. Vê nas coisas o melhor. Contempla sem pressa. Por isso não o toca enquanto faz encanto. Reconhece seu trabalho. Como absolutamente necessário. Dá tributo onde houve omissão . Valida onde houve menor valor. Alcança desconhecidos tão necessários. Descarta hipóteses fracas. Que não silenciam perguntas.
Sigo a luz como um gira sol, Não sei fazer outra coisa, Somente assim não sou nulo, A luz, qualquer luz é melhor que meu escuro, Como é duro ter olhos e não ter luz, Sou fotofílico, foto sensível, foto sustentável, Sou foto gâmico, só sei amar o que tem luz, Sou foto fágico, me alimento do que esta iluminado, Dependo em tudo da luz, Tanto que esqueci de ser, Sou cego para o interior, Sou convidado para outra visão, Sou convidado para ser emissor, Quando olho o rio sou as suas águas, Pode ser que encontre a passagem para os significados, Sem precisar do porre das idéias, Da refringência do pensamento, Ou do ralento da palavra, Então num único olhar, Poderá se conter todo universo, E ser vazio tanto quanto ele está,
Noite a dentro. A solidão de escrever deitado na cama. Deixando os dedos prontos . Sobre as letras prontas. Para a possibilidade da palavra. Escrever é transpor essa barreira. É tirar a casca das coisas. Descortinar o conteúdo . Mas o corpo deve estar sadio. Para captar o que se lhe é mostrado. Visto-me de papel. Destapo-me a caneta. Deixo me vir.
Rochas de um quarteirão. Massas gravitando uma as outras. Órbitas a se encontrar fundem-se. Nós aqui e ali. Uns mais perto do sol. Química lenta. Em lindo azul. Nossa preciosa terra. Águas se congelam nos pólos. Se evaporam nos trópicos. Permitindo o ciclo da vida. Um imenso desconhecimento. Sentado em Plutão. Observo o que pode haver. Depois da esquina.
A porta da cozinha dava para o quintal. Menino, ficava horas sentado no degrau. Sentia o limite do espaço conhecido. Imaginava o que se passava além . Ainda me sinto assim . Quando olho o vazio. A energia formativa . Um disco de poeira fina. Ao redor do sol.
Me reencontro com o papel. Na pequena chance que algo modifique. Se alguém ler ou acessar . O que há por trás . O que não pode ser dito. Então apenas o suponho. Escaneio como quem assobia. E por ressonância na intimidade. Da respeitosa distancia. Vejo aquilo . Alem do universo. Que vibra em todo ser. Como a flor se abrindo. Como o pássaro em vôo. E com todo respeito o devoro.
Sobrevivi a década. Não porém à decadência. Como à descida. Não porém à decência. Falei aos muros, aos turros. Depois cansei.
Sonhei em tercetos com supostas rimas. Descrevia fielmente a cena. Que vinha na mente. Senti falta do teclado pois jogado. Era aleatoriamente. Na correnteza dos sonho. Que atravessa barulhenta. A minha mente. Textos que não foram. Perdidos estão dormentes. São comparados. Aquele pouquinho derramado. Para o santo.
Sonho em 27 de junho Acordo arrastado pela sensação de sonho. Me remeto a ele numa casa. Onde partes humanas se espalham. Um armário MDF corroído se coagula junto. Um pé solto no meio da sala. É de um holandês. A mesma sensação faz referencia a uma caverna. Já sonhada outras vezes. Nela há uma cripta onde se fazem funerais. Meu pai foi sepultado lá. Paredes de pedra, há uma coluna semi partida. Nela me apoio e deito-me sobre ela com o peito. Sinto ser um Stonehedge . Sinto que já morri ali algumas vezes. Encontro a caixa preta mas não posso abrir. Ainda não . é a transição da vida à morte, porto de embarque. É uma informação que entra pelo meu peito. Pena não saber decifrá-la.
Sou agradecido pelos dias que vivemos aqui. Serão lembrados sempre como bons. Será uma prova irrefutável. De que valeu a pena sonhar. Valeu por cada sorriso. Como a vida pode ser desafiante para cima. O sorriso quase invisível passaria desapercebido. Foi valido o que passou.
Tarde de domingo, casa nova, batem sinos. A alma se dilata esquece o encolhimento. Os móveis são os mesmas, mudou a luz. E o entendimento que podemos . O telhado inclinado faz desta casa um desenho de criança. Três janelas suspensas para a passagem do sol. O reflexo das águas vencem as sombras, a faz boiar. Num firmamento lento sem ser contado. Talvez em gerações. Assim me sinto nessa janela do eterno. Quanto mais entro nele me percebo. Aceito essas paredes como uma outra pele. Também para esses filhos . Que crescem fora dos muros. Que posam lembrar-se do azul dessas águas. Para dar-lhes a confiança. De que viver é estar no céu.
Atravesso. Travessuras. Escuras traves. Suas . Atrás de versos. Vestos de mim. Tra versos . Atravesso o rio. Chego à outra margem. Travessia. Tra-so. Tarso . Travesso.
Ubatuba é longa descida, longa viagem. No fim da serra, o cheiro do mar, cheiro úmido. Chegar em casa, a velha casa perto da praia. Ver os moveis que contam histórias de outras moradias. Contam a solidão e cupins que por todo um ano. Ninguém veio ouvir. Casa cheia de marcas. Azulejos mais amarelados em doces lembranças. A trinca no vidro se perpetua. O opaco do assoalho é perene. Pendurar a rede na varanda. Olhar a montanha e sentir quem realmente sou.
Venho para casa. Chego de madrugada da viagem longa. Abro a porta como se fosse minha alma. Respiro o ar guardado da outra semana. Vejo os brinquedos que sobraram no sofá. O piano ficou aberto e o tapete fora de lugar. Me aproximo como quem se distancia. Sinto o doloroso conforto de estar só em casa. Casa que já não sei quanto tempo não moro. Camisas e sapatos procuro em armários errados. Difícil quando não encontro as partes minhas. Faço de contas que não faço contas. Me lanço como sementes ao vento. Onde cairão ? darão fruto ? virarão alimento ? Sementes de toda humanidade. Que carecem significado. O que faz essa porta que abro ser tão diferente. É o mesmo que a faz tão igual . É o que me põe em contato quando me faz entrar. Isto é, com o mais fundo de mim.
Passando por Piracicaba. Pela manha encontrei meus primos. Sabia da existência deles. Mas nunca tive o movimento de parar. Perguntar por eles . E encontrei-os aos montes. Fomos nos indentificando. A mesma tonalidade dos olhos. Semelhanças externas e internas. Ali estávamos como espelhos . Eu diante a mim mesmo. Um pouco de conversa. E mais fatos curiosos. Ficou patente a necessidade . Que temos de uns dos outros.
A longa noite do século passou deixando a luz da aurora romper o tempo. E pelo atalho do imediato acessar o conteúdo do inconsciente. Passar de geração em geração de historia em historia. Decifrar o enigma da vida. Ser homem enquanto homem. De meus antepassados drama, delírio e dor. Abrir o conteúdo grafado em proteínas espiraladas. Traduzir suas estruturas. Avaliar o significado da existência e consistência. Rasgar o véu da separação. Assim proponho este trabalho que no fundo. É o de cada ser humano.
Vivo a transição de gens em gente. Vivo a possibilidade de dar possibilidades. Enquanto vivo reúno as condições de vida. Que estavam separadas no universo. Então as contraio delas estraio. A seiva do entendimento. Quero passar essa zona de transição. Onde cada um procura só a si mesmo. Para chegar onde o universo quer se explicar. Este sentimento me acompanha desde menino. E como menino me lanço nele. O contraio com dor de parto. E disso espero ver nascer o novo. Nele e em mim. E que venha para todos. Que responda para todos. E que passe pelo silencio. A tremenda vontade de seguir na vida. Aposta loucamente na emocionalidade. Mas o que quer seguir seguindo. Só é possível em algo mais profundo. Então me lanço em sua segunda vertente. Mergulho na escuridão e na ausência. Supero a sensação de solidão. E parto de novo, abro os braços. Me deixo cercar pelo que nunca pode se aproximar de nada. Ondas cores e sons que não puderam ser contadas. Como as perdas não contadas nas batalhas ganhas. Como o ganho das batalhas perdidas. É presente que se aproxima e me toca. Como meus dedos respondo no teclado do computador. Eu sou teclado e manifesto . O que o universo tem em si guardado. Nuvens de gás, peso de fumaça, atração de átomos. Um gélido confortável primal embrionário quer luz. Quer o amor que seja bom para todos.
Em enganos apegos. Falseadas visões. Vem a perda da essência . Ausência de significado. Os que sofrem estão sós. O verdadeiro trabalho é terminar o sofrimento. Cruzar a eternidade de um segundo. Que o separa do sentir inteligente. A crueldade que vimos fazendo. É a de não tratá-lo. ... Não trazê-lo à tona. Não olhá-lo diretamente. Não acolhê-lo amorosamente. Ao ser visto ele revela preciosas informações. Ofereço-lhe a outra face. Mais informações. E sem esperar, de repente ele some. E fica no seu lugar. O sentimento de ser Um. Não mais separado do Todo. Brota uma nova identidade. E dá vontade de escrever. E postar.
Avenida Pompéia. Minha rua é avenida, é avenir, é o que vem. Ela liga o presente ao futuro, a tudo que virá no a venir. Então é espera de algo que por ela possa chegar. Como promessa, que empurramos para frente. Minha rua é feita de sonhos que não ousamos sonhar. É avenida de arvores que se prometeram aos pássaros. Tudo o que está por vir, avenida, é esperança, E quando não houver mais nada a esperar. Será apenas rua. É caminho de por onde vieram os que me trouxeram para cá, Maneco, Mercedes, Floripse, Violeta, Edith e Salvador São como os paralelepípedos da minha avenida, Estão por baixo do asfalto. Servem de base. Ela é assim, minha rua, fora do tempo, a avenida de lembranças. Do ponto final do Pompéia até a parada dos táxis. O diretório político barulhento, a casa noturna e a do general. O canteiro central perdido em bolinhas de gude. A procissão em lilás e o conservatório musical. Nas quartas feiras de feiras peixe e frutas a miúde. Aos domingos sino de igreja nos outros a sirene do hospital. Barulho de prego e martelo, ouvi toda infância . Lembranças de brinquedos espalhados no quintal . E de frases como aquela do menino no colo do avô. “sabe vovô, a lua pode ser grande , mas não tão grande quanto essa avenida”.
Minha bíblia só tem paginas em branco. Esperam ser escritas com a luz. E mas nada que se apague. É lida com olhos fechados cheios de silêncio. Ouvida pelo vento. Ah se conhecêsseis o pai.
Caminho batido em asfalto quente. Fica a terra fresca esquecida no sub solo. Caminho volta todo o dia mesma hora. Hora de puxar pensamentos. Os buracos são conhecidos. O desvio automático. Mas uma vez muito raramente. Algo maravilhoso acontece. Passa um tucano. Voando para a mata. Escoltado por dois pequenos passarinhos. Rouba toda atenção emarelo cítrico. Então até o asfalto se torna colorido. A vida faz sentido. Tudo voa com ele desafiando a gravidade. Vem o convite para uma vida sem espinhos. Que não precise de crenças remédio e doenças. Que nos faça vivos que percebem. O vôo do tucano que existe. Em cada caminho.
Vim morar na Sagarana. Na montanha de Guimarães Rosa. Na casa da esquina escutei as noites e os dias. Desci a Leopoldina e quando acabou virou Sagarana. Ali do lado das águas quentes. Fui recebido pelo abraço do entendimento. De como tudo é passageiro. Como em tudo contém mensagem. Me dei conta de quanto preciso de tempo. Para entrar nos entremeios. Morei ali e esperei até essa hora. Essa que é a minha hora. Deixo o que fui por onde estive. Para ser o tragós, a tragada, a tragédia. Da mudança de espaço para onde vou. Volve a larva quente vida e morte.