Soltado o cabo
O último que nos prende,
Ao que é seguro
É o ser.
O veleiro começa a se mover
Bem devagar,
Afastando-se de sua bóia.
O mar calmo dessa manhã
Faz pequenas ondas,
Um peixe salta.
Somente com a mestra
O barco toma o canal,
Corredor para o mar aberto.
Outros chegam.
Depois da ultima baliza
O veleiro enfim se solta.
Aderna docemente a boreste
Pois o velho sudeste,
Chega soprando constante.
A água é brilhante
Reflete o sol à frente,
Como num oceano de luz.
O veleiro flutua na luz
E o vento apenas,
O escora.
Aproxima-se o ponto
Em que se cruza,
A linha da costa.
A partir daqui
Tudo agora é mar aberto.
O costão ficou para trás
Suas escarpas daqui,
São azuladas.
A vegetação e as pedras
Se compõe no espaço,
Para expandir a vida.
No mesmo instante
Que expandimos o mar.
Ir implica em voltar
Mas adentrar o mar,
É algo que não tem volta.
As ondas são maiores
O vento mais forte,
O mar tem mais personalidade.
A navegação mais atenciosa
Não dispensa a beleza,
Das ilhas à bombordo.
A beleza da luz
Convida à proa 120,
Para alinhar ao sol.
Como explicar
Que luz é rumo,
Fora da costa.
O mar é tão verde
Quanto o céu é azul
Na linha do horizonte
A vela tão estufada
Como no peito,
A gratidão.
O veleiro vai
As palavras ficam,
Por serem escritas.
A vida formiga por dentro
Como se nascesse mais uma vez,
Desse mar.
Como foi a primeira
Há bilhões de anos,
Volta a nascer.
Escolhe um coração exaltado
Para revelar,
O conteúdo do vento.
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