Tarso por Tarso
O que me foi pedido
É um tanto mais difícil,
Do que falar sobre algo.
Eu sou o espaço
Que tento aprender,
Com o tempo.
Sou o arranjo
Do que se parece mais comigo,
Mesmo assim me estranho.
Sou segundo irmão
Nasci depois de Tarsila,
Uma irmã maravilhosa.
Numa família metade italiana
Metade espanhola,
E uma terceira metade paulistana.
Meu pai era idealista
JUC e depois do PDC,
Tomou a Agencia do Correio em 64.
Guardava uma metralhadora da FEB
Que meu tio pracinha trouxe da Itália,
Debaixo da escada junto com a árvore de Natal.
Minha mãe é pintora
Desde minha gravidez,
Até hoje.
Passou dos oito ponto zero
Mas tem a mente de moça,
É uma linda senhora.
Minha primeira organização
Foi montar com os amigos,
Uma fábrica de pipas.
Nunca a fachada da casa
Ficou tão colorida,
Como naquela época.
Depois fui estudar numa escola puxada
O Dante Alighieri,
De manhã e de tarde.
Meus amigos perguntavam
“Porque você estuda tanto ?
Eu também não sabia
Entrei na faculdade com 17 anos
Meu primeiro emprego,
Professor de matemática.
No diretório acadêmico
Escrevia o jornal,
Aprendi fazer pauta.
Organizava passeata
Daí vinha o Erasmo Dias,
E dispersava tudo.
Pensei mudar para medicina
Mas vi a falácia,
De querer curar alguém.
Trabalhei com Dom Paulo Arns
Para receber e despachar os argentinos,
Fugidos do regime militar.
À noite os levava para Cumbica
Onde com o salvo conduto iam para Roma,
Embarcando no vôo da liberdade.
Pensei em ser missionário
Mas logo vi,
Que não era melhor do que ninguém.
Estudei do grego antigo
À física quântica,
Para confirmar isso.
Quando chegaram os computadores
Montei uma empresa de sistemas,
E o mundo ficou pequeno.
Meu pai um dia me chamou
E me convidou para trabalhar com ele,
E lá fui eu.
Montar uma fábrica
No interior de São Paulo,
Cerqueira César.
O vigário de lá sismou
Que a chaminé da fábrica,
Não podia ser mais alta que a torre da igreja.
Montamos cooperativa de funcionários
A empresa crescia,
E tudo ia bem.
Meu pai se tornou uma figura pública
E com muito gosto,
Escrevi seus discursos.
Éramos grandes amigos
Mas ele era,
Bem maior.
Construí um veleiro
Velejei lá fora,
E nunca mais fui o mesmo.
Nasci de novo
Deixei o velho,
Em alto mar.
Tirei o brevêt
Comprei um avião,
Voei ai por tudo.
E quando a empresa estava no máximo
Meu pai teve um aneurisma,
E numa semana morreu.
Nada foi mais difícil
Não conseguia trabalhar,
Era hora de mudança.
Fui trabalhar na Fiesp
Só para saber,
O que meu pai achava de bom lá.
Fui estudar Qualidade
E no curso do Japão,
Encontrei a mineira Letícia.
Quando nasceu nosso filho
Senti que podia limpar o rio da vida,
Subindo à nascente (livro em produção)
Fomos morar numa fazenda
E lá chegaram mais duas menininhas,
Que são umas fofuras.
Acreditei numa parceria
Com uma multinacional,
E me lasquei.
Todo endividado
Tive que começar tudo de novo,
Porém sozinho.
Com novos produtos
Arranjei novos sócios,
Para fazer as mudanças.
E quando deu altura
Vendi a empresa,
Para ser só quem sou.
Escrever
Compor música,
Criar filhos.
Desintoxiquei o empresário em mim
E descobri um coração,
Capaz de amar o mundo.
Cada livro, cada CD ou peça de teatro
É como um filho,
Fruto desse amor.
Nele descobri
Que posso ajudar outras empresas,
A curarem a alma.
E que há um lugar sadio para elas
Atuarem e fazerem crescer,
O que tomarem como valor.
Isso só posso fazer
Por que descobri,
Meu próprio lugar.
Pois aprendi a ver
Que cada gesto,
É sinal de uma realidade.
E que toda realidade
É a expressão viva,
Do conteúdo de um sistema.
Que pode ir até
A mais distante galáxia,
Mas começa aqui no meu peito.
Habito a árvore dos sistemas (próximo livro)
Onde todos temos espaço,
Todos somos irmãos.
QUE HISTORIA MEU AMIGO, PENSEI QUE IA SO LER SO UMA LINHA , E NÃO E QUE LI TUDO . PARABENS E MUITO SUCESSO.
ResponderExcluirWESLEI KALEX
SURPRESAS AGRADÁVEIS AO NAVEGAR PELO GOOGLE...
ResponderExcluirPARABÉNS PELO BLOG , E MAIS AINDA PELO CONTEÚDO DE QUEM O CRIOU..
UM GRANDE ABRAÇO
LEANDRO FIRACE